sexta-feira, abril 11, 2008

Memórias da Vida de Vet - "A Minha Primeira Vez"

NOTA: Este post devia ter sido escrito no dia 31 de Março, mas só agora consegui reunir todo o material necessário à sua elaboração

AVISO: Este post deve ser lido a horas afastadas das da refeição:)


Data: 31.Março.2008, data de regresso às aulas pós-férias da Páscoa
Hora: 09:00
Meteorologia: Dia ameno, Sol, brisa fria

Aula: Reprodução e Obstetrícia II
Material necessário: (como não percebo muito bem de informatiquices, esta foi a melhor solução que consegui arranjar para fazer a lista, por isso se precisarem, cliquem na imagem para aumentar)



Tema da aula: "PALPAÇÃO RECTAL NA VACA"

Sim, sim, alegrem-se as alminhas, agora já me podem identificar com "Veterinária? Andas para lá a enfiar o braço no rabo da vaca?". É verdade sim senhores, ando pois! E aqui fica a descrição mais ou menos pormenorizada, para que possam falar com conhecimento de causa:) (perdoem-me os pormenores esquecidos, são fruto do tempo de intervalo)!


Após termo-nos equipado com o material adequado (excepto luva) dirigimo-nos ao local onde umas quantas vaquitas nos aguardavam.
Primeiro passo da aula: relembrar o material necessário e cuidados a ter, o que nos leva ao

Segundo passo da aula: vistoria das unhas, para confirmar que nenhuma "donzela" foi de manicure com grande pompa (entenda-se unhas compridonas), que pudessem traumatizar (no sentido científico de magoar) as nossas pacientes.

Neste ponto fiquei um pouco baralhada. Um a um, todos foram sendo "chumbados" (estes agradecendo à Joana por ter uma tesoura à mão) ou "passados", com as duas ou apenas com uma das mãos aprovadas. Quanto a mim, fui passada, mas só com a ESQUERDA, uma vez que aos olhos do senhor professor a minha direita não estava capaz, pela seguinte razão (abaixo fica a foto das minhas unhas no dia 31, estando assinalada a tal "incapacidade"):

Perceberam? Pois, eu também não! Parece que a minha unha do dedo médio direito tinha um biquinho saliente (note-se que o dito "biquinho" nem sai da cabecinha do dedo, critério segundo o qual as unhas são avaliadas - não se podem sentir para fora da cabecinha do dedo).

Em seguida, começou a aula propriamente dita:
- calçar luva e besuntar a mão calçada com lubrificante
- aproximar com carinho da senhora vaca, agarrar a cauda e afastá-la
- colocar a mão em cunha (juntar os dedos todos, como quando se faz o "nhecos" ou a cabeça de um cisne) e sem medos.........
- introduzir a mão no ânus da vaca e ir introduzindo com calma e jeitinho, não forçando quando não passa
- retirar as fezes que se encontram no caminho (consiste em fazer uma concha com a mão - sim, sim, a mão sempre lá dentro - e puxar as fezes em direcção ao ânus - sim, sim, à porta do qual está a nossa cara, pelo que, em jeito de "truque", devemos posicionar a nossa cara sempre para longe dessa região, de modo a que o nosso nariz fique fora da trajectória de fezes e gases encaminhados para o exterior; ao chegar ao ânus, a nossa mão não pode sair lá de dentro, por isso para puxar as fezes temos que as ir espremendo cá para fora (RELER O AVISO INICIAL!))
- prosseguir a trajectória da mão até encontrar o limite dos ilíacos e a tuberosidade púbica (para quem não conhece os "palavrões", ílio e púbis são 2 dos 3 ossos da bacia), que nos irão servir de pontos de referência para o resto do exame
- identificar o cérvix (parte do útero - sim, consegue sentir-se o aparelho reprodutor através do intestino grosso) e restantes estruturas
- passar à vaca seguinte (como disse, a mão tem que sair o menos possível da vaca, para impedir que o ar entre no intestino, o que vai dificultar o nosso trabalho exploratório para além de se tornar incómodo para a vaca, por isso a troca com o colega que vem a seguir é feita com a introdução da mão dele quando a nossa está quase a sair - sim, sim, tenham pena da vaquinha:( ), tendo o cuidado de a cada duas explorações (duas pessoas) na mesma vaca, a deixar descansar uns minutos.

Ok, saí um bocado frustrada porque mal consegui identificar o cérvix, por isso nem cheguei às outras estruturas:( Mas parece que foi mais ou menos generalizado, por isso ainda não me considero um caso perdido.


Opiniões finais? Ao contrário do que pode parecer pela descrição, e apesar das "lufadas refrescantes" que nos brindam de vez em quando, das ondas que parecem engolir-nos o braço (ondas peristálticas normais no intestino), do vácuo horroroso associado à força que o raio da bicha tem no esfíncter e que se unem os dois para não nos deixar tirar a mão (sim, é mais complicado tirar que pôr :S), que resulta no que eu chamei de um "chupão gigante à mão" que nos deixa sem circulação e com pintinhas de sangue na mão quando finalmente ela sai cá para fora, a experiência foi do melhor, e a opinião era generalizada: "estava-se melhor lá dentro do que fora" (lembram-se da "brisa fria" que estava? A temperatura normal da vaca é de 37,8ºC a 39,2ºC, por isso podem adivinhar onde se estava "melhor":)).

Resumindo:

Material adequado+Procedimento "nojento" =

(FUTURA) VETERINÁRIA FELIZ!!!!

4 comentários:

Jess disse...

NOTA 20 para este post Thofia! Eu própria tinha dito q o dia de "merda" literalente que foi a minha primeira vez com o braço enfiado no cuzinho da vaca tao fofinho que me deixou a mão AZUL,ia merecer um postzinho no meu baby blog. mas n ia superar a tua descriçao por isso, deixo me tar quietinha q é o melhor ;)
realmente foi uma experiencia bizarra, no minimo! lol
beijufa

Corvo disse...

Bem... Nem sabes o quanto fico feliz por partilhares tal coisa com os que lêem o teu blog..
HARGGGGG!!!!!!!!!!!

Anónimo disse...

COMO É QUE TU CONSEGUES METER A MÃO AI? GRRRRR

Paulo disse...

Oh brother...

VOCÊS SÃO DOIDOS!!!!
Já estou a imaginar um movimento + intenso e um candidato a veterinário enfiado dentro da vaca, só c as pernas de fora!!!

Livra!!!